Barriga de chope é mito, afirmam especialistas
BRUXELAS - Vedete de happy hours e churrascos de fim de semana, a cerveja passa de mocinha a vilã quando seus apreciadores surgem com uma protuberância abdominal indesejada. No entanto, para a chamada “barriguinha de cerveja”, a bebida serve apenas de bode expiatório. Esse foi o veredito de estudos apresentados na sétima edição do simpósio europeu Beer and Health (Cerveja e Saúde), realizado na semana passada, na capital da Bélgica. Segundo especialistas, dizer que o consumo do líquido fermentado — desde que moderado — engorda é um mito a ser combatido.
De acordo com a nutricionista britânica Kathryn O’Sullivan, que atua na área de saúde pública, evidências científicas mostram que somente quem abusa do álcool tende a apresentar o Índice de Massa Corporal (IMC) acima do nível saudável.
— O que causa ganho de peso e aumento da circunferência da cintura é consumir mais energia do que se gasta. Ou seja, a barriga é consequência do excesso de calorias, não do tipo delas. No fim do dia, as calorias de tudo que consumimos são iguais, e o que importa é a moderação — ressaltou.
Cientistas recomendam que homens bebam até 660 mililitros de cerveja por dia. Para as mulheres, o limite é de 330 mililitros. Em ambos os casos, o líquido deve ter, no máximo, 5% de álcool.
Uma pesquisa feita na Romênia entre março e abril deste ano, com 1.508 pessoas, constatou que fatores como idade, prática de exercícios e situação social têm mais peso sobre o cálculo do IMC do que simplesmente o fato de beber ou não cerveja. Entretanto, as quantidades ingeridas por aqueles que consomem a bebida foram determinantes. Hábitos alimentares associados à cerveja também ajudam a explicar o porquê do aumento de peso em alguns degustadores.
Segundo a epidemiologista Edith Feskens, professora da Universidade de Wageningen, na Holanda, estudos demonstram que consumidores de cerveja tendem a exagerar nas doses mais do que aqueles que bebem vinho. Outro dado importante, proveniente de 14 trabalhos conduzidos em sete países europeus entre 1997 e 2012, dá conta de que a ingestão da cerveja vem acompanhada de um menor consumo de frutas, vegetais e comidas saudáveis em geral, além de um maior risco ao tabagismo.
— Parâmetros corporais têm diferentes determinantes. Cerveja é um alimento como qualquer outro, sem ligação com a conhecida “barriga de cerveja” — resumiu a nutricionista romena Corina Zugravu, da Universidade de Medicina e Farmácia Carol Davila, em Bucareste.
SAIBA MAIS
Contexto
Para o pesquisador Giuseppe Grosso, da Universidade de Catania, na Itália, a cerveja deve fazer parte de uma dieta saudável, ou seja, consumida para acompanhar a ingestão de alimentos adequados.
Sem fritura
Carpaccio e bruschettas são opções de aperitivos não fritos e, portanto, mais saudáveis, que podem ser degustados com cerveja, diz a nutricionista Rosana Perin, do Hospital do Coração, em São Paulo.
Exercícios
De acordo com a nutricionista Cristiane Perroni, quem bebe cerveja costuma ter um estilo de vida mais boêmio, sem muita disposição para se exercitar. Espantar a preguiça e fazer atividade física é essencial para evitar a gordura abdominal.
Fonte: Jornal Extra Online