PixTinder: paquera via transferência bancária pode ser risco para usuários
Subvertendo a lógica do sistema financeiro, o Pix — criado como meio de pagamento instantâneo e transferências e sem custos — vem sendo cada vez mais usado como plataforma de envio de mensagens informais e de relacionamento. Fazendo transferências de poucos centavos, usuários transformaram o Pix em rede de paquera usando chave de identificação da transação. Há ainda influenciadores digitais e grupos em redes sociais em que pessoas divulgam chaves pedindo depósitos em determinado valor, e relacionado os custos a um determinado tipo de aprovação.
Especialistas alertam, no entanto, que o uso, aparentemente inofensivo da ferramenta, guarda riscos como acesso a dados, fraudes, invasão de contas e até assédio.
Nas redes sociais, uma série de usuários relata ter enviado depósitos com valores baixos para paquerar pelo Pix, aproveitando o espaço da identificação da transação para trocar mensagens.
Usuários estão expostos a riscos de fraude
Embora possa parecer inofensiva, a utilização do Pix para paquera vem despertando duas preocupações entre os especialistas. A primeira sobre os limites e sobrecarga do sistema do Banco Central (BC) com a multiplicação de transferência de valor tão baixo. Outro é sobre a possibilidade de vazamento de dados pessoais dos usuários que estão compartilhando informações sensíveis em redes sociais ao divulgar uma chave Pix com número de CPF, telefone celular ou e-mail.
Se o Banco Central perceber que está disseminado, pode ser que imponha algum valor mínimo, de R$ 5 por exemplo, na transação para desestimular este comportamento.
As pessoas ainda não têm noção do risco que elas correm de clonagem e fraudes, como com número de telefone que já acontece nas contas de Whatsapp. Além disso, em alguns casos pode se tornar abusivo e virar assédio já que não há formas de bloqueio.
BC estuda o bloqueio de recursos suspeitos
O próprio Banco Central já estuda a criação de mecanismos para aumentar a segurança dos usuários. Uma delas permitiria que o próprio banco ou fintech possa devolver recursos recebidos se tiver uma “fundada suspeita de fraude” ou falha operacional. A ferramenta poderá ser disponibilizada ainda em 2021.
É um uso potencialmente perigoso. A fragilidade é ter a conta invadida, o que é um problema grave já que uma pessoa teria acesso à sua conta e poderia fazer operações. Alguns bancos estão implementando bloqueios de certos caracteres no envio de mensagens via Pix que poderiam facilitar o uso de links que poderiam ser usados como meio para clonar a chave e dar acesso à conta.
Além disso, por causa do recebimento indesejável de mensagens, alguns usuários já tiveram que descadastrar uma chave do Pix com seu CPF, celular ou e-mail, por exemplo, e optar a utilização da chave Pix com senha aleatória.