Os cinemas permanecem fechados, mesmo com a bandeira laranja que entrará em vigor à partir de 1 de fevereiro de 2021 em Nova Friburgo. Bares, academias e restaurantes são algumas das atividades que já podem voltar a receber os clientes, obedecendo normas de distanciamento e higiene, além da capacidade reduzida. Para os cinemas, o ano de 2021 ainda vai ser de grandes desafios e as transformações aceleradas pela pandemia, acende uma luz vermelha avisando que mesmo quando tudo estiver "normalizado", o público não irá se comportar como antes. Claro que sentimos falta da experiência que só uma sala de cinema pode proporcionar, mas a mudança de hábitos nasce muitas vezes da necessidade, e as pessoas não só se adaptam bem, como se acostumam rapidamente a novos formatos.

Quando a internet começou a se espalhar, era comum ver as pessoas dizendo que jamais abandonariam o prazer de ler um jornal pela manhã ou folhear suas revistas preferidas. As publicações online era vistas como algo menor e as próprias editoras disponibilizavam versões resumidas dos seus periódicos. Atualmente, mais de vinte anos depois, os jornais e revistas que ainda resistem, olham para a internet como a salvação dos seus negócios. A transformação nasceu com a liberdade e interação entre as pessoas, isso vem ocorrendo em todas as atividades e setores. Bancos, comércio e até indústrias tradicionais como a automobilística, vão precisar repensar seus modelos de negócios e o mesmo já vem ocorrendo faz tempo com o audiovisual.

Vamos aguardar para ver como essa transformação vai afetar o setor e o mais importante, é mantermos uma postura de incentivo e apoio para os mais diversos meios de criação e divulgação de cultura. A arte encanta, emociona, ensina, questiona, nos faz sonhar e amplia a nossa percepção sobre o mundo e nós mesmo. Bom lembrar sempre das palavras do poeta Ferreira Gullar "Arte é uma coisa imprevisível, é descoberta, é uma invenção da vida... a arte existe porque a vida não basta”.

Esta semana as dicas vão para 4 bons representantes do cinema nacional que estão disponíveis nas plataformas de streaming e foram lançados nos últimos 10 anos. São produções que mostram um pouco do bom cinema brasileiro. Vamos lá:

- O Som ao Redor
Filme do premiado diretor Kleber Mendonça Filho (Bacural), essa é possivelmente a melhor produção audiovisual dos últimos tempos. É divertido, crítico e brinca com os sentidos de uma forma inteligente e pouca vezes vista no cinema mundial.

- Aquarius
Mais um filme do cineasta Kleber Mendonça Filho que sabe muito bem o que quer dizer e principalmente, sabe do peso que a protagonista Sonia Braga traz para as cenas. É um retrato da luta e da resistência contra as hierarquias enraizadas que atropelam tudo e a todos.

- Branco Sai, Preto Fica
Essa é uma produção que mistura terror, ficção científica e até um pouco de narrativa documental. De Adirley Queirós, o filme tem tons fortes de crítica social e é um legítimo representante do cinema marginal, orientando o olhar para aqueles que não tem voz. Queirós não transita por caminhos fáceis e nos entrega uma obra relevante e comovente.

- Tatuagem
Vencedor do Festival de Gramado, o filme trabalha o confronto social e as relações amorosas sem olhar para formatos ou gêneros. O ponto forte aqui está no elenco com destaque para Rodrigo Garcia e Irandhir Santos. É impossível ficar indiferente e não se encantar pela trupe teatral Chão de Estrelas que faz da arte, um meio para criticar e sobreviver aos tempos de ditadura militar no Brasil.