Com a interrupção da flexibilização em vários locais no Brasil, incluindo Nova Friburgo, fica claro que o retorno dos cinemas é algo complicado e sem qualquer previsão possível. Isso é muito preocupante por este ter sido um setor fortemente impactado pela pandemia e sem qualquer alternativa, apesar de iniciativas como a do Cinema Virtual, entre outras que foram realizadas. O que podemos fazer é contribuir para ajudar a conter este problema global e sermos solidários. Esta semana vou indicar cinco filmes escondidos na Netflix que merecem uma boa chance. As dicas são:

- Pérolas no mar
Essa é uma produção chinesa que beira o minimalismo, e representa o que é conhecido como cinema poético. Com uma narrativa mais lenta, o enredo é centrado no casal que nos cativa logo no início. Enquanto o rapaz busca a ideia de "felizes para sempre" a moça tem dúvidas e não consegue enxergar o que está bem a sua frente. Eles se conhecem em um trem e se tornam grandes amigos, e anos depois em um avião eles se reencontram, o que os leva a reviver a experiência do passado. O filme é uma bela referência ao cinema romântico, principalmente aos musicais e carrega uma história universal em uma cultura fascinante.

- Lionheart
Este não é o filme do Van Damme, que fique bem claro! Esta é uma produção nigeriana, e foi a primeira do país a ter distribuição mundial. Outro ponto interessante é que está entre os mais bem avaliados de todo o catálogo da Netflix. Ficou curioso? O enredo é sobre a jornada de uma heroína que luta para ser valorizada após seu pai adoecer e escolher seu tio e não ela para liderar os negócios. É uma história de luta contra o forte machismo existente na Nigéria. Belo, culturalmente rico e divertido, é um daqueles filmes que nos inspira e atrai a um debate necessário sobre um problema presente em todo o mundo.

- Barakah com Barakah
Esse é um drama romântico saudita que conta a luta de um homem que se apaixona por uma mulher de uma "classe" superior. O comediante Hisham Fageeh, ao lado da bela Fatima Albanawi, protagonizam uma narrativa que busca os contrastes acentuados por uma sociedade fechada que aspira por mais liberdade. Vencedor do prêmio do Júri Ecumênico do Festival de Berlim, o filme carrega um olhar diferente do que conhecemos no ocidente e se destaca pela coragem de seus realizadores que surpreendentemente conseguiram que a obra não fosse censurada.

- O Vazio do Domingo
Produção espanhola do cineasta Ramón Salazar, o filme flerta com o lúdico e com o cinema arte de forma forte, arrebatadora e visceral. Visualmente belo, o enredo conta o reencontro de uma mãe e sua filha, abandonada aos oito anos. Trinta anos depois elas decidem passar dez dias juntas. Só pelo plot pode-se imaginar o tamanho do drama que será costurado em um formato próximo a um suspense psicológico. Como não podia deixar de ser, além do roteiro, a força do filme está nas interpretações grandiosas de Susi Sánchez e Bárbara Lennie que transitam entre as mais diversas nuances, hora com faíscas, apesar do diálogo cortês, hora com carinho, apesar da fúria em seus olhos. 

- Mais Uma Chance
Esse é um drama que dialoga com a comédia através de sutilezas, invocando o que boas histórias trazem de melhor, a capacidade de rir de nós mesmo. Com as presenças marcantes de kathryn hahn, Paul Giamatti, Molly Shannon e John Carroll Lynch, o filme trata da nossa capacidade de nos reinventar, de entender que os planos são ilusões e que o presente é o que temos de melhor. Uma boa analogia com o momento atual quando os nossos planos estão à deriva.