Publicado 27/02/2021 20:14:05

Híbrido de teatro e cinema, "A Árvore" traz Alessandra Negrini em seu primeiro solo

Com os cinemas fechados e a volta da bandeira vermelha que começa a valer na primeira semana de março, o jeito mesmo é ficar em casa e aproveitar para assistir as iniciativas online. Esta semana, mais precisamente dia 26 de fevereiro, estreou A Árvore, um formato híbrido que mistura teatro e cinema com Alessandra Negrini em um monólogo kafkiano intenso e surreal.

Essa é uma tendência natural que está sendo acelerada por conta da pandemia, mas que ainda vai precisar encontrar seu espaço. A Árvore não é de fato uma peça teatral, a produção levou oito meses para ser concluída e sua grande força está nas imagens e nos estímulos sensoriais. Claro que em um monólogo o fator determinante para a ação dramática evoluir é o roteiro, mas como não é de fato um teatro típico Elizabetano, os diversos elementos se somam, como a música, a fotografia e principalmente a direção.

O texto de Sílvia Gomes é rápido, cheio de referências e conta a evolução de uma persona que aos poucos se transforma em um vegetal. É um processo de desconstrução que conversa com nossos medos e desejos. Essa comunhão que temos com as árvores não é uma novidade, e é exatamente isso que o texto tenta resgatar.

O ponto alto desta produção está na força e sensualidade da Alessandra Negrini, e nos estímulos sensoriais. Alessandra aproveita bem o recente sucesso da série Cidade Invisível, em que interpreta a Cuca, para lançar esse projeto audacioso e ousado. A série com personagens baseados no folclore brasileiro caiu no gosto dos assinantes da Netflix mesmo não sendo tão boa. Na verdade tem problemas de ritmo, com personagens perdidos e a própria Alessandra parece explorar pouco o potencial que interpretar a Cuca pode ter.

Mas em A Árvore, é bem diferente. A protagonista está perfeita e sem apelar para dramalhão. A experiência também é repleta de cores e ângulos inusitados. Isso fortalece muito a narrativa e complementa a experiência que ainda conta com belas peças musicais.

O grande desafio mesmo é o formato. A imersão de um teatro é muito diferente de uma casa, principalmente se tiverem crianças. Celulares apitam o tempo todo e a atenção dividida atrapalha muito para acompanhar uma narrativa com um ritmo mais intenso. No caso do streaming é diferente, as séries já são fragmentadas e os filmes, podem ser revistos depois. Mas em A Árvore, existe um horário, um compromisso e não se pode ver depois.

A dica desta semana então vai para A Árvore, uma produção que mistura a linguagem do teatro e a do audiovisual, e que deve ser "consumido" como uma peça teatral mesmo, em uma hora e seis minutos duração. Está disponível na plataforma Tudus e para assistir, basta fazer um cadastro e comprar o ingresso que custa trinta reais. No horário marcado, é só acessar o e-mail que foi enviado junto com a confirmação de pagamento, copiar e colar o link em um navegador.

Espero que essa iniciativa seja muito bem sucedida e que muitos outros formatos apareçam para que possamos sempre poder desfrutar dessa linguagem única que só o teatro proporciona.

Saiba mais em:
https://checkout.tudus.com.br/fontes-realizacoes-a-arvore/selecione-seus-ingressos

Comentários

Nenhum comentário nesta notícia. Seja o primeiro comentando abaixo!

Comente sobre esta notícia