UMA RUA, VÁRIOS NOMES, ALGUMAS HISTÓRIAS
Quem não sente afeto por sua terra natal e, especialmente, pela rua onde nasceu?
Eu não fujo à regra, amando Nova Friburgo e tendo um carinho especial pela Rua Fernando Bizzotto. A sua primeira denominação foi Rua Jacome, em homenagem ao proprietário que doou o terreno para a abertura da rua, por volta de 1858.
Diziam ser o Sr. Jacome da família Bizzotto, mas segundo o saudoso comerciante José Newton Bizzotto , baseado em pesquisa do historiador Carlos Jayme Jaccoub, o doador não pertencia à citada família, e o seu nome completo era Luis Jacome de Abreu e Souza. A confusão foi motivada por haver um Jacome, no clã dos Bizzotto.
No governo do Presidente Washington Luis (1926-l930), em homenagem ao seu Ministro de Estado da Justiça, passou a denominar- se Rua Ministro Vianna do Castelo, assim permanecendo até 1932. Voltou ao nome de origem, Jacome, em 1933. Por volta de 1937, era Rua 13 de Maio. Durante toda a década de l940, Rua da Campesina, devido ali estar instalada a sede da Banda Musical Campesina Friburguense, desde 16 de fevereiro de 1896.
Em 1950, tendo em vista a continuação da Rua Governador Portela (atual Prefeito José Eugênio Muller), o prédio da banda foi desapropriado e, posteriormente, demolido. A Banda Campesina recebeu da Prefeitura Municipal uma nova sede, na esquina da Rua Leuenroth, com a Avenida Portugal (hoje, Avenida Campesina Friburguense), construída, onde era o antigo Mercado Municipal, sendo inaugurada, em 15 de novembro de 1952.
Com a mudança da banda, surgiu o atual nome, Fernando Bizzotto, por volta de 1954. Ele foi um imigrante italiano que chegou ao Brasil, aos 16 anos, com seus pais, Giovanni e Carolina Andretta, e irmãos, no ano de 1888.
A família, inicialmente, foi para a região agrícola de Santa Maria Madalena e a seguir para Macuco, conforme relato da sobrinha-neta de Fernando Bizzotto, Sophia Helena Bizzotto Villar, em seu livro “Piano, piano, si va lontando”. No final de 1889, a família se estabeleceu, definitivamente, na Vila de Nova Friburgo, primeiro, no lugar denominado Robadey e, depois, no início da Av. Euterpe Friburguense, se dedicando aos serviços de carpintaria e serralheria.
Ainda segundo a autora, o terreno da Rua Jacome, nº 46, foi comprado em janeiro de 1894. Na parte da frente, foi construído um amplo sobrado para moradia e, nos fundos, com 40 metros de extensão, instalada a oficina, sob a direção de Fernando e de seu pai Giovanni.
Fernando casou-se com Luísa Mieli e tiveram três filhas e quatro filhos.
Ernesto e Valentino, irmãos de Fernando, optaram pelo comércio de carnes, investindo em gado e açougues.
Ambos, com suas famílias constituídas, também, edificaram na Rua Jacome,suas residências. Ernesto, na esquina da Av. Comte Bittencourt (hoje, Posto Carestiano), e Valentim no º 80 (atual Edifício Anita Bizzotto).
Com a morte de Giovanni, em 1901, Fernando continuou à frente da Oficina Bizzotto e, mais tarde, contaria com a ajuda de seus filhos José e Walter.
Ela era uma promissora indústria de portas, portões, grades, etc. As sirenes tocavam, pontualmente, para a entrada e saída dos empregados e à hora do almoço. Durante todo o dia, ouviam-se o zunido das serras e o martelar das ferramentas nas peças de ferro e de madeira.
Muitos foram os jovens que tiveram o seu primeiro emprego, na Oficina Bizzotto.Ficavam na sua calçada, coversando animadamente, na hora do descanso. Dentre eles, lá estava aquele que viria a ser o fundador de uma das maiores indústrias de fechaduras e cadeados do Brasil, Francisco Faria da STAM. Com toda a nitidez, eu o vejo, tão moço, retornando ao lar, de bicicleta, após um dia de trabalho.
A Oficina Bizzotto encerrou suas atividades no final dos anos 60, tendo funcionado por uns setenta anos. Hoje, na entrada da antiga oficina, se encontra o” Bar Korre pra K”, e no espaçoso terreno, onde ela funcionava, há um amplo estacionamento para carros, com entrada pela Rua José Eugênio Miller.
Da minha rua, outras histórias eu tenho para contar, mas ficará para a próxima oportunidade.
Comentários
Adorei sua história. Parabéns por resgatar nossas raízes e passado.