Memória em Foco
com Leyla Lopes MeloNo tempo do Sputnik e em outros tempos mais
Atualmente, em meio a tantas vacinas contra a covid-19, como a Coronavac, a Oxford/ AstraZeneca, a Moderna, a Pfizer-Biontec, a Janssen da Johnson & Johnson, a que me chama a atenção é a russa Sputnik, nome do primeiro satélite artificial.
Produzido pelo programa espacial soviético, o Sputnik (em russo, significa “companheiro de viagem”), foi lançado em 4 de outubro de 1957, pela União Soviética, orbitando com sucesso, em torno da Terra. Em 3 de novembro do mesmo ano, foi lançado o Sputnik 2, levando a bordo a cadela Laika, uma vira-lata recolhida das ruas de Moscou - o primeiro ser vivo no espaço - que morreu por superaquecimento, causado por uma falha no...
Universitários petropolitanos x Domingos de Oliveira, antes da fama
Os Anos Dourados se encontravam no auge. A Bossa-Nova no seu apogeu. Boleros românticos acalentavam os sonhos de corações enamorados, como o som inconfundível do piano de "Waldir Calmon e seu Conjunto". A moda do vestido “tubinho” ganhava a preferência das jovens. A venda dos produtos “Avon”, a domicílio, por suas representantes, era algo inovador. Brasília estava sendo construída e prestes a ser inaugurada.Um clima de euforia e de otimismo envolvia as pessoas. Os “Volks” - que ainda não tinham o apelido de “Fusca”- circulavam pelas ruas e avenidas de nossas cidades, com seu ruído peculiar, como o de um besourinho. Eles eram produzidos na fábrica da Volkswagen, em...
À MEMÓRIA DE JARDEL MELLO
Locutor- Dublador- Ator- Diretor O ator Jardel Mello (Jardel da Silva Mello) nasceu em São Paulo (Capital), no dia 18 de julho de 1937. Ao contar 5 anos de idade, a família mudou-se para Mogi das Cruzes (SP), onde ele passou toda a sua infância, juventude e parte da mocidade.
A sua primeira experiência com o microfone, foi na emissora volante, “Kazis Auto Propaganda”, instalada em “peruas” que circulavam pelas ruas, da mencionada cidade, fazendo propaganda comercial.
Sua trajetória profissional teve início na Rádio Marabá, de Mogi das Cruzes, como locutor e, depois, em Porto Alegre (RGS), nas Rádios Farroupilha e Guaíba, seguindo a sugestão de uma pessoa amiga.
Nesta época, o...
Os 70 anos da inauguração da Televisão no Brasil
No ano passado, 2020, foram muito relembrados dois acontecimentos que se deram em 1950, há 70 anos, no Brasil: as inaugurações do Estádio Mário Filho (Maracanã), no Rio de Janeiro, no dia 16 de junho, e da TV Tupi, em São Paulo, em 18 de setembro. Esta última marcou época, por tratar-se do primeiro canal de televisão do Brasil e de toda a América Latina, sendo o quinto, em todo o mundo, depois dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Holanda e França.
Sua transmissão inaugural sintonizada por cerca de 200 televisores, trazidos de avião dos Estados Unidos (assim como os equipamentos) e espalhados pela cidade de São Paulo – graças ao empenho de Assis Chateaubriand,...
A NOMENCLATURA DAS RUAS DE NOVA FRIBURGO
Façamos de conta que alguns veranistas – turistas que passavam o verão, em Nova Friburgo, nas décadas de 1940/50 - depois de ausentes, por muitos anos, estejam dispostos a voltar à nossa cidade.
É bem provável que ficarão perdidos, devido à mudança dos nomes das ruas. Então, com muita hospitalidade, sejamos guias solícitos, ajudando-os a encontrá-las. Estamos em condições de fazê-lo?
Rua Riachuelo (Francisco Miele); Rua General Câmara (Augusto Spinelli); Rua Conde d‘Eu ,Três de Janeiro (Rua Monsenhor Miranda); Rua Visconde de Bom Retiro (Moisés...
DIA DO MÉDICO - UMA HOMENAGEM AO SAUDOSO DR. SALIM LOPES
Filho dos imigrantes libaneses Nede Assad Lepus e Rathar Bader Lepus (Lopes) que chegaram ao Brasil, com seus filhos Youssef (José) Rathar e Henaine, no início do século XX, Salim Lopes nasceu em Manoel de Moraes, distrito de Santa Maria Madalena, em 6 de setembro de 1904. A família mudou-se para São Francisco de Paula (atual Trajano de Moraes), depois de alguns anos, para Rio Bonito e por volta de 1920, para Nova Friburgo, devido ao estado de saúde da sua irmã Hennaine, que exigia um clima de montanha.
Salim estudou no internato do conceituado Colégio Brasil, em Niterói, do Prof. João Brasil, ingressando na Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, em 1924. Como...
Recordações do Colégio Nova Friburgo da Fundação Getúlio Vargas
Em nossa existência, após décadas já vividas, acontecimentos do passado invadem nossa memória, de maneira surpreendente. Assim, lembrando de fatos acontecidos durante o período em que estudei no Ginásio Nossa Senhora das Dores, recordei de um ocorrido, em setembro de 1951.
A sua diretoria recebeu do Ginásio Nova Friburgo da Fundação Getúlio Vargas – inaugurado no ano anterior, em 1950 – um convite para que suas alunas comparecessem às festividades de comemoração do “Dia da Árvore”. O novo educandário, localizado no “Parque da Cascata”, estava na fase de estabelecer relações de amizade com os demais estabelecimentos de ensino.Com...
Você sabe o que foi a AFEU em Friburgo nos Anos Dourados?
Para saber o que foi a AFEU ou para dela se recordar, é necessário retroceder algumas décadas no tempo. Até o início da década de 1950, Nova Friburgo não dispunha de faculdades para os alunos que concluíssem o Segundo Grau (cursos Científico, Clássico, Normal e de Contabilidade). Os que desejassem prosseguir os estudos tinham de ir para as cidades do Rio de Janeiro, de Niterói e, mais tarde, de Petrópolis. Em 1954, os padres jesuítas, do Colégio Anchieta, obtiveram autorização do Governo para o funcionamento de uma Faculdade de Filosofia (Nossa Senhora Medianeira), na sede do colégio. O Ministério da Educação autorizou os cursos de Filosofia,...
EU VI O “HOMEM DA CAPA PRETA”
No mês de julho de 1954, há 66 anos atrás, o Tribunal do Júri da Comarca de Nova Friburgo realizou uma sessão, para julgar um réu acusado da prática de um crime doloso contra a vida. Tratava-se do caso de um operário da Fábrica de Rendas Arp, que ao ser despedido de seu emprego, pelo gerente Frederico Wytte, o esfaqueou no abdómen, atingindo o seu intestino. Foi hospitalizado e, apesar da gravidade do caso, o seu organismo ia reagindo. A vítima resistiu por dois meses, quando veio a falecer. Comentava-se, na época, o que acarretara a morte do Sr. Wytte, havia sido uma macarronada que a sua esposa lhe servira, num período de recuperação, em que o paciente recebia uma...
DRIVE-IN - UM ANTIGO SUCESSO VOLTA AO CARTAZ
O jornal “Extra”, na sua edição da sexta-feira, dia 19 de junho de 2020, noticiou: “Barra ganha novo drive-in na Cidade das Artes”. Para os jovens, tal notícia divulgava uma grande novidade, o DRIVE-IN, para os mais velhos, tratava-se apenas do retorno de um modismo que, no Brasil, teve o seu apogeu nos últimos anos da década de 1960, nos anos 70 e nos primeiros de 80.O cinema era, na época, a maior das diversões, encontrando-se no seu apogeu (desde a década de 1940), tendo Hollywood como a sua capital. Os artistas eram verdadeiros astros inatingíveis, que brilhavam esplendorosos no céu da fama: Ava Gardner, Marlon Brando, Sofia Loren, Tony Curtis, Elizabeth Taylor, Elvis Presley, Grace Kelly,...
UMA IMAGEM DE STO. ANTÔNIO, PEQUENA MAS MILAGROSA
(em memória do Rvdo. Padre Higino Latteck)
Ao se aproximar a data dedicada a Sto. Antônio de Pádua, minha filha sugeriu que eu fizesse um artigo a respeito de uma pequena imagem do referido santo, ofertada aos meus pais, nos anos 50, do século passado, pelo Padre Higino Latteck.
Ele contava que as suas andanças, pelo interior do Brasil, no seu trabalho pastoral, eram feitas em lombo de um burrinho. Certa ocasião, ao passar por região de mata fechada, percebeu que a adentrava, cada vez mais. Tentava encontrar o caminho certo, mas não encontrava. O tempo passava, a noite chegando e o medo começou a lhe invadir a alma.
Sem esperanças, lembrou-se da pequena imagem de Sto....
AS EPIDEMIAS AO LONGO DA HISTÓRIA - Parte 2
GRIPE ESPANHOLA (uma modificação do vírus influenza- da gripe) foi a mais letal de todas as epidemias dos tempos modernos (ocorreu entre 1918 e 1920), perfazendo uns 50 milhões de vítimas fatais, em todo o mundo. Recebeu tal denominação, por ter sido divulgada, amplamente, pela imprensa espanhola, já que a dos países envolvidos na guerra, sofria censura.
A gripe teve início nos EUA, no Kansas, num campo militar de treinamento, onde soldados infectados (sem sintomas) foram enviados aos campos de batalha da Europa, por ocasião da Primeira Guerra Mundial. Chegou ao Brasil, em setembro de 1918, através de passageiros contaminados, do navio Demerara, procedente de Liverpool, na Europa, tendo...
AS EPIDEMIAS AO LONGO DA HISTÓRIA - Parte 1
Desde os primórdios, através dos tempos, a humanidade sempre sofreu com muitas enfermidades, originadas por diversos tipos de micróbios (seres microscópicos), vírus, bacilos, bactérias que, em certas épocas, se intensificam ou se modificam, provocando variados tipos de epidemias.
A PESTE NEGRA ou PESTE BUBÔNICA, a maior do século XIV (1333-1351), começou na China. Transmitida pelas pulgas de ratos ou de outros roedores, vitimou 1/3 da população da Europa, parte da Ásia e norte da África.
A CÓLERA, desde a antiguidade, tendo um primeiro registro na Índia, em 1503. A primeira pandemia deu-se entre 1817 a 1824, indo do Vale do Rio Ganges a outras regiões...
O CENTENÁRIO DA “CASA LIBANEZA”
Motivo de júbilo para a Colônia Libanesa de nossa cidade e para o comércio friburguense, o transcurso do centenário da “Casa Libaneza”, fundada pelo libanês José Jorge Abicalil, no ano de 1920.
Ele veio do Líbano para o Brasil, com o seu irmão Assef Abicalil, por volta de 1916, aconselhado, através de correspondência, por seu tio Said Abicalil (casado com D. Salime Gandur), aqui radicado, com uma loja de consertos e de aluguel de bicicletas, na Praça do Paissandu. Os jovens irmãos libaneses foram para Duas Barras. José Jorge passou a mascatear. Montado num burrico, para sua locomoção, vendia os seus artigos, acondicionados num saco, a domicílio. Durante algum tempo,...
Os 150 anos da Sociedade Musical Beneficente Campesina Friburguense
Hoje, 6 de janeiro de 2020, a Sociedade Musical Campesina Friburguense completa o seu sesquicentenário, ou seja, os 150 anos da sua fundação. Ela surgiu da dissidência de um grupo republicano, dentro da monarquista Sociedade Musical Euterpe Friburguense, fundada em 1863 pelo maestro português Samuel Antônio dos Santos. O referido grupo era constituído por Galeano Emílio das Neves, Eduardo Salusse, Eduardo Eugênio de Castro e Antônio de Souza Cardoso, liderado pelo major Augusto Marques Braga , que a fundou no dia 6 de janeiro de 1870.
Os ensaios da banda se davam na Chácara do Paraíso, no casarão da família Braga, sob a regência do maestro Presciliano José da Silva, Itália,...
OS PARQUINHOS DE DIVERSÕES - (de magia e emoções)
Por volta dos anos 40, 50, 60 e 70 do século passado, eram muito comuns, nos municípios do interior ou mesmo nas capitais, a existência dos parquinhos de diversões instalados, em terrenos de extensas áreas, de forma temporária ou permanente.
Em nossa cidade, nos últimos anos da década de 1950 e nos primeiros da década de 60, apogeu do “Anos Dourados”, um que se destacou foi o existente, no amplo terreno do atual Edifício Elias Caputo, esquina da Rua Farinha Filho com a atual Praça Demerval Barbosa Moreira.
Crianças, adolescentes e jovens ficavam fascinados, pelas atrações que o parquinho lhes oferecia, conforme a sua faixa etária: montar nos cavalinhos do carrossel;...
ECOS DAS COMEMORAÇÕES DO DIA DA INDEPENDÊNCIA
Mais um ano o calendário assinalou o dia 7 de setembro e, no desfile cívico, mais uma vez, se destacaram a Marinha, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar, o Tiro de Guerra, pelo garbo com que os seus componentes, sempre, se apresentam, denotando grande sentimento de patriotismo.
As baterias dos Colégios Anchieta, Modelo e Nova Friburgo (da Fundação Getúlio Vargas), compostas por ex-alunos, transbordantes de entusiasmo, deixavam transparecer o afeto que os prendem às suas antigas escolas.
Voltando ao passado, no ano dos 150 anos da Independência do Brasil, em 1972, os preparativos para as comemorações tiveram início, no mês de abril, quando chegaram, no dia 22, no navio “Funchal”,...
CALEDÔNIA, UM NOME FASCINANTE
Desde o meu tempo de criança - quando a minha casa era uma das mais altas da rua, e ela ainda não era circundada por altos edifícios- eu gostava de ficar na porta da cozinha, para vera paisagem.
O tempo era dividido em colégio (da professora particular D. Noêmia Carvalho) pela manhã, e deveres de casa à tarde, mas ficava atenta à hora, para não perder o pôr sol. As cores do crepúsculo sempre me encantaram e eu apreciava os contornos da Pedra do Imperador, da Cascatinha, da Caledônia, d’as Catarinas, etc.
Mais tarde, cursando o ginasial do Colégio Nossa Senhora das Dores, estudando geografia, mais especificamente a Oceania, me chamava atenção a Nova Caledônia, um...
A Tradicional e Popular Festa do Suspiro
Em nossa cidade, nos "Anos Dourados" - na década de 1950, início dos anos 60 - mal terminavam os festejos de maio, o mês de junho era esperado, com ansiedade, por causa da festa de Santo Antônio de Pádua. Quantas emoções e quantas surpresas, na Praça do Suspiro, aguardavam aqueles que dela se dispusessem a participar.As comemorações tinham início na véspera, no "Dia dos Namorados", contando com grande público, por ser Santo Antônio, considerado o "Santo Casamenteiro". No dia 13 de junho, tudo começava às 6,00 horas da manhã, com o espocar dos foguetes, a alvorada, a partir da qual eram celebradas as missas.Enquanto isto, ao lado, no campo do Fluminense Futebol Clube eram...
Maio - Mês que evoca muitas lembranças
O quinto mês do nosso calendário gregoriano, MAIO, desde a época dos calendários romano e juliano, tem esta denominação, em homenagem à deusa Maia, deusa da fecundidade e da fartura, filha do deus Atlas.
Em nossos dias, devido às muitas comemorações nele contidas, é chamado de “Mês das Mães”, “Mês das Noivas” e de “Mês de Maria”.
No século passado, dos anos 40 aos 60, nas tardes de sábado, as cerimônias matrimoniais eram de tal número, que se sucediam, de meia em meia hora, na Capela de Santo Antônio, no Suspiro, e na Matriz (hoje, Catedral) de São João Batista ( Até algumas senhoras tinham por...
O Centenário do Colégio Modelo
No dia 19 de março, o nosso amado e popular Colégio Modelo completa mais um ano de sua fundação, sendo coroado com o pomposo título de centenário, se igualando aos tradicionais Anchieta e Nossa Senhora das Dores.
Ele foi fundado pelo casal Carlos Cortes e Zélia dos Santos Cortes, no dia consagrado a São José, 19 de março do ano de 1919, em Cordeiro (na época, distrito de Cantagalo), onde funcionou até 1926, quando foi transferido para Nova Friburgo. Em nossa cidade, ocupou o imóvel do antigo Hotel Leuenroth, na rua que, até hoje, conserva o mesmo nome.
Nesta época, quem trabalhava na tesouraria, fazendo a contabilidade do colégio, era o contador, Manoel Afonso...
Um anjo chamado Maria Dulce
Em nossa cidade, num tempo um tanto distante, um anjo celestial se encarnou e veio à luz, no lar do distinto casal Olympia-Alberto Braune. Era o dia 26 de março de 1892, e a recém-nascida recebeu o nome da mãe de Deus, MARIA, acrescido de DULCE que, em latim, significa doce.Recebeu de seus pais educação primorosa, alicerçada em sólidos princípios morais e religiosos. Estudou no “Colégio Braune”, conceituado educandário de suas tias paternas, dentre as quais se destacava a professora Sara Braune. Passava os momentos descuidados da infância, em companhia de seus inúmeros irmãos - Marília, Olympia, Sílvio Henrique, Carlos Alberto (Carlito), Ademário (Malote),...
Finados - Hábitos e costumes do luto antigamente
Aqueles, cujas vidas se findaram no mundo terreno, permanecem sempre vivos em nossos corações, sendo reverenciados, em data especial a eles dedicada, o “Dia dos Finados”, quando as recordações se multiplicam e a saudade aumenta, sendo ferida a nossa alma. A referida data nos reporta a décadas passadas quando os costumes e as atitudes decorrentes de um falecimento, eram bem diversos dos de hoje.
Os mortos, vestidos de mortalha, eram velados em suas residências e os sepultamentos só se realizavam depois de 24 horas. Em nossa cidade, meninos passavam pelo comércio e pelas ruas transversais, espalhando anúncios fúnebres, mandados imprimir pela funerária contratada para fornecer o caixão. Os...
AS LEMBRANÇAS DE MUITAS ELEIÇÕES
Republicada - Postada em 24/10/2014
Diante de mais um pleito eleitoral, para os cargos executivos federal e (alguns) estaduais, percebe-se, como sempre, os mais variados sentimentos dos eleitores, a respeito do mesmo: participação, desânimo, esperança, entusiasmo, descrença, fé, desilusão, revolta, etc. A verdade é que, na multiplicidade de opiniões – expressada numa eleição - se encontra a essência da democracia. Trata-se do momento supremo da realização da cidadania do indivíduo, um ser político, por natureza. A eleição é algo de tão marcante que deixa, em nós, lembranças inesquecíveis. Quem não se recorda do...
Era uma vez uma casa e suas múltiplas histórias
Apego ao passado? Excesso de sentimentalismo? Saudosismo exagerado?
Na verdade, a demolição de um prédio antigo me sensibiliza sobremaneira, principalmente, se tal imóvel tiver muito para nos contar.
Foi o que aconteceu com a casa de nº 76, da Rua Fernando Bizzotto, demolida no primeiro semestre de 2004, construída na década de 1920, pelo Sr. Valentim Bizzotto, irmão de Ernesto e de Fernando Bizzotto. Ele, também, havia construído na década anterior, a residência existente ao lado, a de nº80 (hoje, Edifício Anita Bizzotto), onde morava com a família. Quando Odete, a filha mais nova do “Seu” Valentim, casou-se com Omar Almeida (professor de matemática e latim), no...
UMA PADARIA MUITO POPULAR
A existência humana pode ser comparada a uma grandiosa peça teatral, dividida em vários atos, que são as diversas fases da vida. Tudo aquilo que entrou na composição do cenário de nossa infância ou juventude, é para nós muito marcante, tornando-se, cada vez, mais significativo, à medida que vai passando o tempo.
É assim, sempre com muito carinho, que me recordo da “Padaria Flor do Oriente” – a popular “Padaria do Mello ou do Mellinho” - a padaria da minha meninice que, na Rua Oliveira Botelho (antiga Três de Outubro) nº 65, permaneceu da mesma forma, por quase setenta anos, desde que foi fundada, em 1931.
As primeiras recordações que guardo...
Como surgiu há 85 anos, a Casa dos Pobres de São Vicente de Paulo
Por volta das últimas décadas do Século XIX e das primeiras do Século XX, na cidade de Nova Friburgo, em meio ao modesto casario existente, surgiram prédios comerciais (loja na parte térrea e moradia no sobrado) e vistosas residências, principalmente, na Praça XV de Novembro (Getúlio Vargas) e na Rua General Argolo (Alberto Braune). As Ruas Três de Janeiro (Monsenhor Miranda), General Câmara (Augusto Spinelli) e General Osório eram artérias residenciais, ostentando amplas e belas casas.
Esta última, conhecida por “Rua do Chateau”, devido ao prédio Chateau du Roi (anterior ao do Colégio Anchieta), era quase toda edificada. Logo no início, digno de...
O PALACETE DE MADAME SANT´ANNA
É notório o fascínio que a casa de Madame Sant´Anna sempre exerceu sobre as pessoas, quer pela beleza de suas linhas arquitetônicas, quer pelo ar de mistério que sempre a envolveu. O fato de poucos terem tido o privilégio de frequentar aquela propriedade, aguçava a imaginação da maioria das pessoas. Dentre as muitas balelas que corriam a seu respeito, predominava a que dizia ser a casa mal-assombrada, decorada com cortinas pretas. ...
O NOME ILUSTRE DE UMA FAMÍLIA TRADICIONAL
Na primeira metade da década de 1950, era muito comum ser contado “o causo” de um veranista (conforme era chamado o turista, naquela época), que veio passar uma temporada, em Nova Friburgo, fugindo do calor do Rio. Ao desembarcar na Estação Ferroviária (hoje, sede da Prefeitura Municipal), e alcançar a nossa rua principal, se interessou em saber o nome da mesma, sendo informado de que se chamava Rua Alberto Braune. Caminhou por ela, chegando à Praça XV de Novembro (atual Getúlio Vargas), quando deparou com uma estátua masculina de bronze, em meio às alamedas de eucaliptos, verificando que se tratava do já citado Alberto Braune.
As horas iam se passando, e já se fazia...
A Solidariedade da Mulher no Caminho do Calvário
Naquela manhã, de sexta-feira, a cidade de Jerusalém, com aspecto festivo, apresentava um movimento além do normal. Pessoas apressadas ultimavam as suas compras, peregrinos começavam a chegar, o Templo de Salomão estava engalanado. Eram os preparativos para as comemorações da Páscoa, festa que lembrava a saída dos judeus do Egito para a Terra Prometida - através da travessia milagrosa do Mar Vermelho, sob a liderança de Moisés- da condição de escravos para cidadãos livres, do exílio para a pátria.
As mulheres se ocupavam em preparar, com esmero as iguarias variadas que seriam servidas em tão importante evento. Dentre elas, Verônica - mulher zelosa,...
Teste a sua memória e o seu conhecimento
Ao ensejo da proximidade do transcurso dos “200 ANOS DE NOVA FRIBURGO”, que tal testar a sua memória e o seu conhecimento sobre nossa cidade ?
1-Você se lembra dos Cinemas Leal, Eldorado, Marabá, São José, São Clemente (em Olaria) e Sant‘ Ana (no Cônego)? 2- E dos porteiros vitalícios “Patola”, do primeiro e “Compadre”, do segundo? 3- Você se recorda das inesquecíveis matinês de domingo, do “Eldorado” e do “footing”, à noite, em nossa praça principal, quando os corações batiam acelerados causado por emocionantes flertes ? 4- Do“ Bar e Sorveteria Única” e ainda da “Lux” e do...
U'A MESTRA COMO POUCAS
A figura da primeira professora constitui algo de muito marcante em nossas vidas, principalmente, se ela é a única durante todo o Curso Primário.
Há algumas décadas, era muito comum a “Professora de Primeiras Letras” ou a “Professora Particular” que lecionava em sua própria casa. Eu mesma tive o privilégio de viver tal experiência.
Ao completar seis anos de idade, ganhei uma pasta escolar de couro (naquele tempo não se usava mochila), de minha avó materna. Fiquei tão entusiasmada, que não quis esperar pelos sete anos, para ir para o colégio, como era de costume, na época.
Não existia “Jardim de Infância”,...
Passou pela vida fazendo o bem
Sempre que caminho pela calçada do edifício de número 78, da Rua Augusto Spinelli, sinto o desejo de proclamar a todos: aqui morou uma santa. Trata-se da saudosa senhora Maria Sara Braune Negreiros Hamelmann, carinhosamente, chamada de Dona Sarita.
Pertencente à tradicional família friburguense, herdou de seu avô materno Alberto Braune e de sua tia Maria Dulce Braune Barcellos, o profundo sentimento cristão da prática da caridade, dedicando sua vida às obras filantrópicas.
Era responsável pela “Pastoral Carcerária”, quando a Delegacia de Polícia funcionava no casarão que deu nome ao bairro da Vila Amélia, função que exerceu com muito amor, carinho e...
Suave é a noite
Republicado
Publicado em 22/08/2014
Tão perfeita como a mistura queijos e vinhos é a combinação música romântica e poesia. Da última, surgiu na Rádio Sociedade de Friburgo (chamada, carinhosamente, de “Rádio Cipó, sempre amiga”), um programa, na década de 1960, mais precisamente, nos anos 65, 66 e parte de 67. Ele ia ao ar todas as segundas-feiras, às vinte horas e trinta minutos, sendo constituído de poesias e de algumas músicas românticas.Era o programa “SUAVE É A NOITE”. O seu título não era só devido ao conteúdo de sua programação, mas porque o seu prefixo era o grande sucesso da época, “Suave...
Elvis Presley, 40 anos depois da morte precoce, o mito vive
Elvis não morreu”, a célebre frase, para além das teorias conspiratórias e das brincadeiras, retrata a descrença e a perplexidade de fãs e amigos com o fim precoce da vida do músico. Elvis morreu aos 42 anos, vítima de um ataque cardíaco, provocado supostamente pela mistura do abuso de medicamentos ao estresse extremo e ao sedentarismo do cantor.Era tarde de 16 de agosto de 1977 quando o astro Elvis Presley foi encontrado inconsciente no banheiro de sua mansão "Graceland", em Memphis, nos Estados Unidos. Há 40 anos, o mundo da música não perdia apenas um dos ícones do rock and roll, mas sim "O Rei".Entre os dias de glória e a morte, Elvis foi um dos responsáveis por...
Tributo ao inesquecível Monsenhor José Antônio Teixeia (no 40º ano do seu falecimento)
Tendo por pais Osório Antônio Teixeira e Josefina Teixeira, nasceu no dia 15 de agosto de 1897, o menino José Antônio, em Duas Barras (RJ), na Fazenda da Conceição, onde seu pai era administrador. Eram seus irmãos Maria, Inocência, Luísa, Luís e Josefina, esta última nascida no Carmo (RJ), quando a família se transferiu para este município.
Bem mais tarde, a família Teixeira viria a se radicar em Nova Friburgo, onde o Sr. Osório instalaria uma fábrica de sabão, na Rua General Câmara, 130, hoje, Rua Augusto Spinelli, Edifício Bariloche.
O rapaz José Antônio, sentindo a vocação para a vida religiosa, entrou para o Seminário...
CONVERSA ENTRE PAI E FILHA
(Nos 85 anos da morte de Manoel Affonso Cunha)
Desde a minha adolescência, eu sempre me interessei por fatos narrados por meus pais e por minhas avós e, assim, meu horizonte ficou ampliado a respeito de acontecimentos antigos. Eles, também, tinham os seus ídolos, falando com entusiasmo sobre os mesmos.
Os de meu pai eram D. Pedro II, Nilo Peçanha, Oswaldo Cruz, Mário Pinotti. Pelo escritor Euclides da Cunha, a sua admiração era tanta, como se tratasse de uma pessoa da nossa família, de um antepassado, e quanto à sua obra “Os Sertões”, uma verdadeira Bíblia Sagrada.
Por incrível que pareça, quando meu pai, Salim Lopes, em 1932, organizou o seu...
Dia dos Namorados - A Atração dos Opostos
A tua pele morenae minha tez clara,o teu vigore a minha fragilidade,o teu mistérioe a minha transparência.A tua inteligênciae a minha sensibilidade,as tuas convicçõese o meu misticismo,os teus projetose os meus sonhos.O teu ceticismoe a minha fé,as tuas certezase as minhas dúvidas,o teu arrojoe a minha timidez.A tua maturidadee a minha inexperiência,a tua indiferençae o meu entusiasmo,a tua jactânciae a minha simplicidade.A tua ousadiae o meu recato,a tua inconstânciae a minha fidelidade,a tua sensualidadee o meu modo angelical.O teu olhar penetrantee o meu constrangimento,a tua machezae a minha feminilidade,o teu fascínioe o meu arrebatamento.As nossas afinidadese as nossas divergências,as mútuas...
Homenagem à Imperatriz Leolpoldina
Com o passar ininterrupto do tempo, estamos em 2017 quando são comemorados os 220 anos do nascimento da Imperatriz Leopoldina, Arquiduquesa da Áustria, nascida em Viena, em 22 de Janeiro de 1797.Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo, era filha do imperador germânico Francisco II e I da Áustria e de sua segunda esposa, Maria Tereza Carolina de Bourbon. Sua irmã, Maria Luiza foi a segunda mulher de Napoleão Bonaparte.
Dona Leopoldina recebeu uma educação completa e esmerada até os 20 anos de idade, quando desposou o Príncipe D. Pedro.
O casamento realizado em Viena em 13 de maio de 1817, foi por procuração, e o noivo representado na cerimônia civil, pelo Marquês de Marialva.
Na sua...
“Quem não gosta de samba.. bom sujeito não é”
“Quem não gosta de samba... bom sujeito não é” (Dorival Cayme)Em poucos dias, estaremos em pleno “Reinado de Momo”, com os desfiles grandiosos das famosas Escolas de Samba, que levam a multidão ao delírio. Eu, também, sou tomada por grande sentimento de entusiasmo e de encantamento e, retroagindo no tempo, me vejo no final do Século XIX início de XX, na cidade do Rio de Janeiro.
Naquela época, após a Abolição da Escravatura, muitos foram os ex- escravos que deixaram a Bahia e vieram para o Rio que, por ser a capital do país, oferecia maior oportunidade de trabalho. Eles se fixaram em bairros mais modestos da cidade, onde já era grande a população...
Um presépio completa 70 anos - Uma tradição a ser preservada
Foi por ocasião da proximidade do Natal de 1946, que ganhei de minha madrinha de Crisma, as primeiras figuras do presépio, ao passar, alguns dias de férias em sua casa no Rio. Eram elas: a Sagrada Família, os Santos Reis e seus camelos, um burrinho, um boi e a cabana.
A cada ano, sempre no início de dezembro, na cidade do Rio, minha mãe tinha o cuidado de adquirir, nas Lojas Americanas, uma peça nova para o presépio: pastores, carneiros, ponte, poço, castelo etc.
No começo, eu montava o presépio em cima de um móvel da sala. Alguns anos depois, meu pai, o médico Salim Lopes, encomendou a um carpinteiro uma armação para montá-lo num canto da sala, como um cenário,...
Figuras curiosas e populares da Alberto Braune na década de 1940
A Alberto Braune (como a Praça XV, atual Getúlio Vargas) sempre foi a importante artéria comercial de nossa cidade, transitando por suas calçadas os mais variados tipos de pessoas: os moradores, os lavradores de nossa região rural que vinham às compras (identificados pelo modo de trajar), os veranistas (os turistas da época do verão), os mendigos (que passavam pelo comércio, aos sábados, pedindo esmolas) e os tipos populares.
O Sr. Fioravanti Bazetti, de terno escuro, óculos de aro fino, cabelos e cavanhaque brancos, bem idoso e magrinho, já curvado, se apoiando numa bengala, passava anunciando os bilhetes da loteria: ...
Concluindo o passeio pela Alberto Braune - 1940 (Parte 3)
Chegamos ao final da Alberto Braune, e atravessando para o lado ímpar, estamos diante da entrada da Rua Gonçalves Dias (hoje, na esquina, a “Leader Magazine”). Conhecida, popularmente, por “Beco da Sofia” ou “Beco da Oficina”, moças de família e senhoras de respeito não transitavam por ela, por se tratar de zona do meretrício da cidade.
A seguir, o extenso e amplo terreno da Leopoldina, onde está a Estação Ferroviária da Leopoldina (atual sede da Prefeitura Municipal). No sobrado, a residência do Agente da Estação, o Sr. Augusto Moraes, sua esposa D. Dalila e os filhos Elssie (uma bela adolescente) e Roberto. No térreo: as bilheterias; a larga e extensa...
Alberto Braune década de 1940 (parte II)
Continuando a nossa caminhada pela Alberto Braune, lado direito, numeração par, na esquina da Rua Duque de Caxias, a “Casa Knust” (hoje, Edifício Mezzaninos), no térreo, a casa comercial, no sobrado a residência da família. Além de ser um armazém de secos e molhados, vendia, louças, panelas, fogareiros, material para jardinagem, ferragens, selas e arreios para montaria e os mais variados instrumentos musicais: gaitas, flautas, harmônicas, cavaquinhos, violões. A vitrine ficava na esquina. ...
Um passeio pela Alberto Braune, na década de 1940 (Parte I)
Prezados leitores, hoje, farei uma viagem pelo túnel do tempo. O meu objetivo é estacionar na década de 1940 e fazer uma caminhada, pela nossa artéria principal, a Alberto Braune. Vou começar pelo lado direito, lado par da numeração. Você quer vir comigo?
No número 2, o sobrado pertencente ao Sr. José Monteiro Fernandes, o “Juca da Chevrolet”( assim conhecido, por ser o revendedor dos carros da referida marca), cujo térreo era alugado ao proprietário do “Bar Edoardo” ( hoje, "Sapataria Barral"), muito frequentado pelos alemães e que, mais tarde, se mudaria para uma loja do prédio do “ Cinema Eldorado”.
A seguir, no número 4 ( imóvel de...
A ERA DO RÁDIO
Nos tranquilos anos das décadas de 1940, 50 e início de 1960, tudo era feito sem pressa e ao som do rádio. Pela manhã, o dia iniciava com melodias sertanejas e com as aulas de ginástica do Prof. Júlio Diniz Magalhães, onde os “ginastas caseiros” seguiam as suas instruções, através de um guia impresso. Os trabalhos domésticos, como arrumar uma casa, bordar, costurar, fazer tricô e crochê eram feitos ao som dos mais variados programas radiofônicos.
Através das populares emissoras da época – Roquete Pinto, Mayrink Veiga, Nacional, Tupy, Tamoio, Jornal do Brasil, Globo, Cruzeiro do Sul - ouviam-se as vozes dos cantores famosos como Mário Reis, Vicente...
Declaração de amor ao Brasil
Quando é comemorado o “Dia da Independência” - data magna do nosso calendário cívico – o sentimento de nacionalidade se intensifica e uma declaração de amor é feita à Pátria.
DO QUE EU GOSTO
Eu gosto de tudo que é brasileiro,
cadência de samba, cuíca, pandeiro.
Eu gosto de morro, barraco, favela,
mulata brejeira da cor de canela.
Eu gosto de guando, canjiquinha, tutu,
feijão preto, torresmo, pimenta e angu;
de uma banda afinada, quermesse, leilão,
ladainha na igreja e também procissão.
Eu gosto de ver, em tarde quente de sol,
a torcida vibrar por um bom futebol
e o mundo aplaudir o famoso Pelé,
muito mais conhecido que o nosso café.
Eu...
“ÊTA TEMPO BOM”!...
Como é prazeroso, ao cair da tarde, num momento de descontração, acomodar-se numa poltrona confortável, para assistir a um capítulo da novela ”Êta Mundo Bom” de Walcyr Carrasco. É uma regressiva e sonhadora viagem no túnel do tempo, que nos leva de volta aos inocentes anos de 1940.
A figura acolhedora de Dona Anastácia (Eliane Giardini), com seu penteado irretocável, trajando um elegante tailleur, me faz reviver a imagem de minha saudosa mãe. Na época, uma autêntica representante da mulher dos anos quarenta, envolvida pelo suave aroma de um perfume “Coty”.
Imediatamente, aparecem as figuras de minha carinhosa avó, de meu zeloso pai e, não demora muito,...
O ESPÍRITO OLÍMPICO
Impossível não se entusiasmar pelas Olimpíadas, a partir da apresentação da Cerimônia de Abertura, no Maracanã, um espetáculo grandioso, deslumbrante, irretocável. Com muita criatividade, mostrou ao mundo- através de efeitos visuais-o surgimento da vida em nosso planeta, a sua evolução, o desmatamento até o problema da poluição, responsável pelo aquecimento global, o efeito estufa e a necessidade urgente de salvar as nossas florestas. A apresentação das delegações, sempre um pouco longa, devido às centenas de países representados, é uma lição de congraçamento entre os povos e de respeito às diversidades...
Amar era... Enviar e receber longas cartas de amor
Em toda parte, em todos os lugares. Seja nas filas dos bancos, nos pontos dos ônibus, dentro dos coletivos, nos bares e restaurantes, nas salas de espera dos consultórios médicos e dentários, caminhando pelas calçadas, há sempre um bom número de pessoas fazendo uso de smartphones e celulares. Diante de tal modismo e facilidade para se comunicar com qualquer pessoa, a qualquer hora, nas mais distantes localidades, instantaneamente, eu retrocedo no tempo, e fico a relembrar como era há uns quarenta ou cinquenta anos atrás.
O meio de comunicação mais usual era o epistolar. Receber uma carta da pessoa amada era algo emocionante, que provocava mais expectativa, se viesse de outro estado da federação,...
Eldorado, adeus! - Quarenta anos de saudade!
Talvez pareça excesso de sentimentalismo, mas a verdade é que chorei, quando tive a certeza de que o Eldorado iria acabar. Para mim, aquela casa de espetáculos não era apenas um prédio, um imóvel, algo inanimado, para mim, era um relicário precioso, o templo sagrado das minhas recordações infanto-juvenis.
Parece-me que nunca me importei como passar do tempo. Todas as imagens queridas do passado estavam ali, vivas, intactas, guardadas, protegidas pelas paredes do Eldorado, podendo ser evocadas, quando eu desejasse.
Assim, repentinamente, voltava a ser uma menina de três anos de idade, chorando, ao ir ao cinema, pela primeira vez, conduzida pela mamãe, para ver o filme “Pássaro Azul”, com...
HÁ 60 ANOS – UMA FESTA VENEZIANA
As comemorações, pela fundação de Nova Friburgo, na década de 1950, duravam quase todo o mês de maio, com várias atividades: exposições de pintura e fotografias, de flores e frutos; corridas a pé, de bicicleta e motocicleta, de saco e ovo na colher, pelas ruas principais da cidade; gincana automobilística; disputa do “pau de sebo”; concurso da “Rainha da Lavoura”; escolha da “Musa dos Jogos Florais”; o solene “Baile de Aniversário” na SEF; apresentação de orquestras e de cantores populares da “Era do Rádio”, na Praça do Suspiro, quando eram servidos, aos presentes, pedaços do majestoso “Bolo de...
ELES SÃO MINEIROS, UAI!
O patriotismo é um sentimento inerente ao coração humano. Quem não se orgulha do país em que nasceu? Quem não se ufana com o progresso de sua cidade? Quem não se envaidece com as belezas naturais de sua vila ou aldeia?
Assim como o sentimento de nacionalidade, o bairrismo une e destaca os habitantes de uma região do país, ou de um estado de nossa federação. Desta forma, temos o orgulho paulista, o destemor gaúcho, a religiosidade baiana, a resistência nordestina, a descontração carioca, as crendices amazonenses e pantaneiras, a hospitalidade mineira.
Justamente, nesta época do ano (21 de abril), quando a memória de Joaquim José da Silva Xavier -Tiradentes, o...
O FOGO QUE NUNCA SE APAGAVA
Na minha infância, era para mim - e acho que para as demais crianças- motivo de admiração e de espanto, uma chama que nunca se apagava, crepitando a qualquer hora do dia e da noite. O palácio sagrado que abrigava tal fogo misterioso, visto pela janela, de um de seus muitos cômodos, ficava no, então, longínquo bairro de Duas Pedras.
Era a Fábrica de Carbureto, nome popular da Companhia Industrial Friburguense, constituída em 22 de abril de 1924, situada na Rua Prudente de Moraes, 188, cujo fundo do terreno era a margem do Rio Bengalas (naquele tempo não havia a Av. Costa e Silva e, hoje, ali se encontra a Agência Frivel). Tal indústria tinha por finalidade a exploração e manufatura de...
O Centro de Saúde da Rua Dona Umbelina
O passar dos anos nos faz, cada vez, mais emotivos e sensíveis, e eu não sou poupada de tal regra.
Quantas vezes, ao caminhar pelas ruas de nossa amada cidade, pela calçada de algum prédio antigo, a imagem dos seus primitivos moradores surge, em minha mente, com uma nitidez indescritível. É o que me acontece, ao avistar o imóvel que abrigou o antigo Centro de Saúde, no cruzamento das Ruas Augusto Cardoso e Prefeito José Eugênio Miller (outrora, Ruas Dona Umbelina e Governador Portella).
Em suas varandas, lá estão os médicos, as enfermeiras, os guardas-sanitários e outros funcionários, em pleno vigor, com seus impecáveis jalecos brancos. E a narrativa de meu pai,Salim Lopes,...
O LOUVOR DA CRIAÇÃO
Na Bíblia Sagrada - dentre os livros proféticos que compõem o Antigo Testamento – o mais interessante é o do Profeta Daniel. Ele começa narrando a tomada de Jerusalém, no ano 605 A.C., por Nabucodonosor, Rei da Babilônia, quando são escolhidos, para o seu serviço, alguns jovens judeus: Daniel, Ananias, Misael e Azarias.
Os três últimos, anos depois, acabariam por ser lançados numa fornalha de fogo ardente, por se recusarem a prestar culto de adoração a uma estátua de ouro feita por ordem do rei. Por tal fidelidade ao Senhor, um anjo foi enviado e desviou a chama de fogo, fazendo que soprasse uma fresca viração acompanhada de orvalho, e o fogo não...
O INFAUSTO DIA 9 DE OUTUBRO DE 1965
O dia 9 de outubro de 1965, sábado, surgiu encoberto, com uma chuva fina que não cessava. À noite, no Campo do Friburgo, na Rua Dante Laginestra, seria realizado um jogo de futebol, entre Médicos e Dentistas em benefício da Santa Casa de Misericórdia (que ao longo dos anos ainda teria os nomes de Hospital Regional, Hospital Santo Antônio e, hoje, Hospital Raul Sertã). A partida preliminar seria entre funcionários do SAMDU e dos CORREIOS.O citado jogo, inicialmente, estava programado para o sábado anterior, dia 2, mas devido a uma chuva forte que caiu naquela noite, foi transferido para a semana seguinte, dia 9 de outubro. Meu pai, Salim Lopes, que comprara o ingresso, com antecedência, se dirigiu ao Campo do...
UM COMETA NO UNIVERSO DO CINEMA MUNDIAL
Dentre centenas de astros hollywoodianos, ele foi um meteoro, pela rapidez com que cruzou o firmamento da sétima arte; foi uma estrela de primeira grandeza, pela intensidade de sua luz e pela beleza de seu brilho: JAMES DEAN. Seu desempenho primoroso, em apenas três filmes, foi o suficiente para imortalizá-lo. Nasceu em 8 de fevereiro de 1931, no estado de Indiana, tendo ficado órfão de mãe, aos 9 anos de idade, sendo criado por sua avó Emma Dean.
Sua vida artística começou no tempo do ginásio, participando de peças teatrais, chegando a ser presidente da Sociedade de Arte da sua escola. Por volta de 1950, ingressou na academia U.C.L.A. , e visando tornar-se bom ator e se profissionalizar, estudou no...
UMA LIÇÃO DE VIDA
Na oportunidade presente, vou apresentar aos meus prezados leitores, a poesia de um inspirado poeta, embora desconhecido, Políbio Alves Faria Oliveira, que é uma lição de vida, intitulada SER FORTE.Ser forte é amar alguém, em silêncio.
Ser forte é deixar-se amar por alguém que não se ama.
Ser forte é fingir alegria, quando não se sente.
Ser forte é sorrir, quando se deseja chorar.
Ser forte é consolar, quando se precisa de consolo.
Ser forte é calar, quando o ideal seria gritar a todos a sua angústia.
Ser forte é irradiar felicidade, quando se é infeliz.
Ser forte é esperar, quando não se acredita no retorno.
Ser forte é manter-se...
MEU PAI, MEU HERÓI!
Quero escrever uma crônica em homenagem ao meu pai, Salim Lopes, mas sinto certa dificuldade, pois são tantas imagens, lembranças, recordações, que não sei como iniciar.
Sempre presente, em todos os momentos, jogava bola comigo; participava de rodadas de dominó, jogos de dama e de corrida de carros, quando eu brincava com outras crianças; apresentava rudimentares truques de mágica para a gurizada. Ele era um COLEGA.
Nas tardes de domingo (eu sentada no quadro de sua bicicleta), passeávamos pelas ruas vazias de nossa cidade, numa época, que os carros estavam proibidos de circular, devido ao racionamento da gasolina, consequência da 2º Guerra Mundial. Era um COMPANHEIRO .
Quando Chefe do Centro de...
Aconteceu há 40 anos
No dia de 17 de julho de 1975, quinta-feira, por volta das 21:30 horas, o morador de uma residência, nos fundos da “Casa Colosso”, Rua Moisés Amélio, n°80, veio à entrada trancar o portãozinho, como o fazia, habitualmente.
Uma garoa fina e persistente caia, naquela noite fria e chuvosa de inverno, quando surgiu um vulto solitário e sinistro, na rua mal iluminada e deserta. Trajando um casaco negro, gola levantada, chapéu com abas arriadas, ele se aproximou e, sorrateiramente, desferiu um tiro certeiro na cabeça de sua vítima, pelas as grades do portão. Sua esposa Sheila - no interior da casa, em companhia de seus dois filhinhos Bruno e Fabrício - nada percebeu, mas estranhando a demora do retorno...
O Dia dos Namorados
Quando o calendário assinala a comemoração de uma data especial, o sentimento que nos invade varia, conforme a sua característica: se a data é religiosa, a devoção e a piedade dominam nossas almas; se ela é cívica, o patriotismo se agigante em nós; se é de cunho sentimental, o coração é invadido por imenso enlevo.
Eis que surge radiante o 12 de junho, DIA DOS NAMORADOS, para reacender a chama do amor, renovar as promessas, esquecer as mágoas, solidificar o afeto.
Portanto, em data, tão peculiar, nada mais oportuno do que relembrar a inspirada melodia da saudosa compositora Dolores Duran, intitulada “A NOITE DO MEU BEM”, transformando suas notas e sons, em cores e...
O CONGRESSO EUCARÍSTICO DIOCESANO - 1945
No final do mês de maio de 1945, foi realizado, em Nova Friburgo, o Congresso Eucarístico Diocesano.
Foi uma festividade religiosa, muito concorrida, que congregou católicos de várias paróquias e dioceses, assim como autoridades civis e eclesiásticas. Dentre as últimas, o Bispo da Diocese de Niterói, a qual pertencia a nossa Paróquia de São João Batista, uma vez que Nova Friburgo, ainda, não era Sede de Bispado ( o que ocorreria, somente, em agosto de 1960).
O Pároco de nossa Matriz, hoje Catedral, era o piedoso e devotado Padre José Antônio Teixeira, o benquisto Padre José (ainda não havia recebido o título de Monsenhor) que, em suas atividades pastorais, era...
O DIA DA VITÓRIA - 8 de maio - Aos Ex-Combatentes do Brasil - (No 70° aniversário do fim da II Guerra Mundial)
É com o coração transbordando de júbilo, reconhecimento e gratidão que venho trazer-lhes a minha singela homenagem pela passagem de tão grandiosa data, o setuagésimo aniversário do término da Segunda Guerra Mundial. Este importante marco histórico não pode e não deve ser esquecido por todos aqueles que conhecem o valor da liberdade e da democracia.
É bem verdade que, na época, eu nada entendia dos graves acontecimentos mundiais. Para mim, uma menina de 5 ou 6 anos de idade, a guerra era uma mãe desesperada, andando em tardes de inverno, pelas avenidas que margeiam o Rio Bengala; a guerra, para mim, eram as campanhas do alumínio, da meia e do chocolate, em prol dos soldados que...
Joaquim José da Silva Xavier - Tiradentes - Líder da Inconfidência Mineira
No feriado de 21 de abril, a figura histórica Tiradentes é homenageada - com justa razão - pelo seu patriotismo, pela sua dedicação à causa da independência, pelo seu entusiasmo em propagar os ideais do movimento, que seria conhecido por Inconfidência Mineira, pelo seu heroísmo e por seu martírio.
Eu, nesta data, quero homenagear as virtudes, as qualidades, o temperamento, os afetos, a religiosidade do homem, Joaquim José da Silva Xavier.
Nasceu em 16 de agosto de 1746, na Fazenda Pombal, nas proximidades de São José Del Rei (hoje, Município de Tiradentes) no Estado de Minas Gerais, tendo seis irmãos: três meninos e três meninas. Ficou órfão da mãe,...
A Solidariedade da Mulher no Caminho do Calvário
Naquela manhã, de sexta-feira, a cidade de Jerusalém, com aspecto festivo, apresentava um movimento além do normal. Pessoas apressadas ultimavam as suas compras, peregrinos começavam a chegar, o Templo de Salomão estava engalanado. Eram os preparativos para as comemorações da Páscoa, festa que lembrava a saída dos judeus do Egito para a Terra Prometida - através da travessia milagrosa do Mar Vermelho, sob a liderança de Moisés- da condição de escravos para cidadãos livres, do exílio para a pátria.
As mulheres se ocupavam em preparar, com esmero as iguarias variadas que seriam servidas em tão importante evento. Dentre elas, Verônica - mulher zelosa,...
A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA - O TREM
O prédio de nossa estação ferroviária que, neste ano de 2015, está completando 80 anos (atual sede da Prefeitura Municipal), foi inaugurado no dia 2 de junho de 1935, em substituição à estação anterior, datada de 1873. Para a solenidade de inauguração compareceu o Interventor do Estado do Rio de Janeiro, Comandante Ary Parreiras, acompanhado do Secretário Estadual de Obras Públicas, Dr. Americano Freire e de grande comitiva. A Banda Musical Campesina Friburguense abrilhantou o evento, com a execução de vários dobrados, e o jornal “O Friburguense” dedicou sua primeira página ao grande acontecimento municipal.
O prédio, em questão, de dois...
Quando Nova Friburgo foi a capital do Estado do Rio de Janeiro
Hoje, interrompo a série “Um retorno a Nova Friburgo dos Anos 40”, para relembrar um acontecimento marcante ocorrido, há 55 anos, em nossa cidade.
No dia 25 de fevereiro de 1960, com as presenças do Governador Roberto da Silveira, do Prefeito Municipal Amâncio Azevedo e de outras autoridades locais, foi inaugurada, em nossa praça principal, uma placa comemorativa, marco inicial da temporada de veraneio do governo estadual, em nosso município. A seguir, a comitiva se dirigiu á residência escolhida para abrigar o governador, o palacete construído, em 1876, pelo 2° Barão de Duas Barras, Elias Antônio de Moraes (hoje UFF, antiga FONF), onde foi realizada uma recepção. Quando o jovem...
REVIVENDO ANTIGOS CARNAVAIS - Parte VIII
Em nossa cidade, no final dos anos 40 e durante os anos 50, do século passado, a festividade do carnaval era muito espontânea e descontraída.
Todo o movimento se concentrava na nossa praça principal, e não se armavam arquibancadas na Rua Alberto Braune.
As gambiarras eram os únicos ornamentos de nossos logradouros públicos, que melhoravam a iluminação das ruas do centro.As escolas de samba, na época, eram: Unidos da Saudade, Vilage no Samba e Alunos do Samba.Esta última era, também, chamada de Escola do Fluminense, pois se organizava no clube de futebol existente ao lado da Capela de Santo Antônio, no Suspiro, o Fluminense.As escolas tinham poucos componentes, que cabiam dentro de um...
Spinelli S/A – O orgulho friburguense - Um retorno aos anos 40 (parte VII)
O dia 14 de agosto de 1942 foi uma data especial, marcando época, em Nova Friburgo. Não se falava em outra coisa: "a festa da cumeeira” do Edifício Spinelli, o primeiro de Nova Friburgo. Os convites foram enviados às autoridades municipais e às pessoas de destaque da sociedade local, pelo Sr. Augusto Luiz Spinelli, Presidente da firma.
Não era, ainda, a inauguração definitiva. A “festa da cumeeira”, muito comum, na época, marcava uma etapa importante, no período da construção de um prédio, quando era atingida a parte mais alta do telhado, onde era colocado um arbusto ou um galho de árvore. O proprietário convidava os pedreiros da obra e pessoas amigas, para...
O Comércio - Um retorno aos anos 40 (parte VI)
As Padarias Havia um bom número de padarias: a “Flor do Oriente”, a popular “Padaria do Mello” ou “ Mellinho”, de propriedade de Carlos Magno Mello e de seus filhos; a “Suspiro”; a “São Jorge”(hoje, “Superpão); a “ Rio Branco”(antiga “Spinelli”, depois “Suiça Brasileira”); a “Santo Antônio”; a “Friburgo” de Sebastião Cardoso e Narciso Moraes; a “União”; a “São Sebastião”, a “Casabranca”dos irmãos Fabris; a “Rufino”. A “Leiteria São José”, além do leite e de seus derivados, vendia gelo.As Livrarias e Papelarias Os...
O Comércio - Um retorno aos anos 40 (parte V)
As Lojas de Tecidos e os ArmarinhosComo ainda era muito pequena a indústria de confecção (roupas prontas), era bem grande o número de lojas de tecidos e de armarinhos de propriedade, em sua maioria, de libaneses: “Casa Pechincha” dos irmãos Tuffy e Emílio Gandur; “A Vantajosa” de Michel Saad; “ A Luva Branca” de Tuffy Fadel; “Casa Chaleira” de Nahum, Nagib e José Bechara; “A Primavera” de Nacif Miguel, “Casa Carioca” de Jorge Aucar, “Casa Ideal” de Elias Buaiz, “Casa Nasser” de Elmaza e seu filho Amil Abinasser; “A Estrela do Norte” de Wady e Yesmin Elias; “Casa das Meias” de Elias Name; “A Linda Fluminense” de...
DESASTRE AÉREO NA CALEDÔNIA NO ANO DE 1984
Hoje, interrompo a série “Um Retorno a Nova Friburgo dos Anos 40”, para reverenciar a memória das vítimas do lamentável acidente aéreo ocorrido na Caledônia, em 1984 (Vinte anos antes, portanto, em 1964, já havia ocorrido outro, no mesmo local, com um avião da Vasp, quando morreram 39 pessoas).
Era o período alegre e agitado dos preparativos das comemorações do Natal e Ano Novo, das férias escolares e do encerramento dos campeonatos de futebol.
Naquele ano, o time do Flamengo havia conquistado a Taça Guanabara. Seus jogadores, eufóricos, festejavam a vitória, cada qual de acordo com a sua preferência. O zagueiro Figueiredo, que jogara sua última partida contra...
O Ensino - Um retorno aos anos 40 (parte IV)
Muitas eram as professoras particulares que lecionavam as “primeiras letras” e o Curso Primário em suas casas.
Na maioria das mencionadas escolas, os alunos se acomodavam em compridos bancos, em torno de longas mesas. Não havia quadro-negro e carteiras.
Se o local era modesto, primava pela excelência do ensino.
As professoras não descuidavam de matéria alguma, dando muita atenção aos exercícios de caligrafia. Uma boa letra era fundamental.
Elas eram muito benquistas, gozando de muito prestígio na sociedade: Helena Coutinho, Alzira e Hermínia Moura, Irene e Ítala Massa, Noêmia Carvalho, Lourdes Rangel Ventura, Cely Ennes, Jandyra Lima e outras mais.
Os Colégios Anchieta, Nossa...
A Infância - Um retorno aos anos 40 (parte III)
As crianças nasciam em casa, amparadas pelas mãos de experientes parteiras (a maternidade só seria inaugurada em 17 de outubro de l947).
Não existiam instituições infantis específicas para os primeiros anos de vida, como creches e jardins de infância. A gurizada brincava, nas calçadas e nos quintais das suas residências, os mais variados folguedos: pique, chicotinho- queimado, pular corda, pular carniça, pular amarelinha, jogar bola, andar de velocípede, ioiô, patinete, bicicleta, etc
Os meninos tinham predileção por empinar pipa, andar de perna de pau, equilibrar aro de ferro, rodar pião, jogar bola de gude, realizar campeonato de ferrinho (os três ultimos favorecidos...
A vida doméstica - Um retorno aos anos 40 (parte II)
A faina do lar tinha início com o ritual de acender o fogão a lenha.
Para acendê-lo era necessário, em primeiro lugar, fazer com que os gravetos pegassem fogo, para que daí passasse para a lenha. As cascas secas de laranja facilitavam a combustão dos gravetos. Era indispensável usar o abano de palha para atiçar a chama, não se esquecendo de abrir a portinhola da chaminé, para que a fumaça fosse expelida para fora. Muitas vezes, não era tão fácil tal operação, principalmente, quando a lenha não estava muito seca ou quando havia sido cortada verde.
Neste caso, além do fogo custar muito a pegar, a cozinha era tomada por uma fumaça que irritava os olhos,...
UM RETORNO A NOVA FRIBURGO DOS ANOS 40 Parte I
Que prodigioso computador é o cérebro humano. Armazena em sua memória, um ilimitado número de dados, informações, datas, acontecimentos, fatos passados, etc. Fica tudo ali registrado, ordenadamente e, quando queremos reviver alguma fase saudosa e longínqua da vida, basta um tempo de concentração, para que surja nítida a imagem desejada.Eu, particularmente, gosto muito deste tipo de exercício mental e, volta e meia, revivo alguma década do passado século XX. Desta vez, entrarei no túnel do tempo, para reviver a minha infância, nos anos 40, na cidade de Nova Friburgo.Você não quer fazer, comigo, esta viagem emocionante? OS SONS E O MOVIMENTO DAS RUA Os galos cantavam nos...
O VIAJOR DO INFINITO
(Poema composto em homenagem a um amigo morto, vítima da violência, e extensivo à memória de entes queridos, que se encontram na espiritualidade)
Agora, já desvendaste todo o mistério do cosmos.Por entre estrelas, constelações, galáxias e nebulosas,vagueias pela imensidão do espaço sideral.Conheces a face oculta da luae as turbulências do sol;te extasias com a imponência dos cometase com o fulgor das auroras austral e boreal.Sabes o que há por detrás do arco-írise para ti não existem mais barreiras,obstáculos, limites ou fronteiras.As distâncias são vencidas,com a rapidez do pensamentoe visitas outros mundos,habitados ou sem vida,não mais te...
AS LEMBRANÇAS DE MUITAS ELEIÇÕES
Diante de mais um pleito eleitoral, para os cargos executivos federal e (alguns) estaduais, percebe-se, como sempre, os mais variados sentimentos dos eleitores, a respeito do mesmo: participação, desânimo, esperança, entusiasmo, descrença, fé, desilusão, revolta, etc. A verdade é que, na multiplicidade de opiniões – expressada numa eleição - se encontra a essência da democracia. Trata-se do momento supremo da realização da cidadania do indivíduo, um ser político, por natureza. A eleição é algo de tão marcante que deixa, em nós, lembranças inesquecíveis. Quem não se recorda do gigantesco comício de encerramento da...
A HOLLYWOOD FRIBURGUENSE
No ano de 1966, o ator, roteirista e diretor Mozael Silveira escolheu Nova Friburgo para cenário de seu filme “Em Ritmo Jovem”. O ator principal era o cantor Márcio Greyck que fazia par romântico com a, também, cantora Adriana. O elenco era, ainda, constituído de Grande Otelo, Moacyr Deriquém, Jorge Murad, Vanja Orico, Denise Barreto e outros.O filme conta a história de um cantor que escolhe Nova Friburgo para repousar e que, pelo excesso de trabalho, se encontra muito fatigado e estressado.O personagem ao chegar à nossa cidade, se dirige à redação do jornal “A Paz”, na Rua São João (atual Monsenhor José Teixeira), a fim de pedir informação a respeito de...
O FASCÍNIO DOS CONCURSOS DE BELEZA
Numa tarde, de um certo dia, do distante ano de 1960, estava em meu quarto, na Pensão Sete de Setembro, em Petrópolis, quando fui surpreendida pelo chamado da dona da referida pensão. Ela queria que eu conhecesse uma senhora, que estava visitando duas amigas ali hospedadas, Beth e Margot. Não era uma qualquer, tratava-se daquela que havia sido a primeira Miss Brasil. Além disso, o que causava curiosidade é que constava que ela havia feito uma cirurgia plástica facial, algo inédito e fora do comum, para a época. Ela costumava passar longas temporadas na Cidade Imperial, não deixando de assistir às missas dominicais, na Catedral de São Pedro de Alcântara. Trajava-se com muita elegância,...
O Cine Leal
Para se falar a respeito do Cinema Leal, é necessário retroagir no tempo, voltar à época da fundação de nossas bandas musicais.A Sociedade Musical Beneficente Euterpe Friburguense foi fundada,em 26 de fevereiro de 1863, pelo maestro português Samuel Antônio dos Santos, com a ajuda de amigos das famílias Bravo, Tingly, Sardou, Martignoni, Berçot e outros.Alguns anos depois, começou a surgir, dentro da monarquista Euterpe, um grupo dissidente de republicanos- Galiano Emílio das Neves, Eduardo Salusse, Eduardo Eugênio de Castro e Antônio de Souza Cardoso - liderado pelo Major Augusto Marques Braga. O referido grupo fundou a Sociedade Musical Beneficente Campesina Friburguense, em 6 de janeiro de...
O Cine Marabá
Certa ocasião, tive a oportunidade de entrevistar a saudosa Sra. Zenith Macedo Vassallo, a Dona Zazá, viúva de Mário Vassallo, um dos proprietários do Cine Marabá, a respeito das origens do citado cinema. Gentilmente, e com riqueza de detalhes, ela me narrou:
O Cine Marabá foi inaugurado no dia 28 de janeiro de 1950, domingo, às 12,00 horas, na Rua Leuenroth nº29, ocupando parte do terreno, onde, num prédio espaçoso, havia funcionado o tradicional Hotel Leuenroth e, posteriormente, o Colégio Modelo.
Os seus proprietários eram os irmãos Mário, Rubem e Felício Vassallo (filhos do italiano Domingos Vassallo e de sua esposa Dona Dorfilha Eyer Vassallo), o primo...
PARECE QUE FOI ONTEM - Acidente de avião no Pico da Caledônia
Eu me lembro, muito bem, que aquele 4 de setembro de 1964, sexta-feira, ano bissexto, amanheceu encoberto, acinzentado, muito diferente dos dias anteriores. As nuvens estavam muito baixas, encobrindo as montanhas, e uma garoa fina caia sem cessar. Seria um dia comum, como tantos outros dias chuvosos, se uma tragédia não tivesse acontecido: um avião de passageiros se chocara contra o Pico da Caledônia. À medida que o tempo passava, iam chagando detalhes do ocorrido, ia se tendo a noção da gravidade do mesmo. Tratava-se de um Viscount da Vasp que saíra do Recife com destino a São Paulo, com 39 pessoas a bordo, dentre passageiros e tripulantes, não havendo sobreviventes. A aeronave já passara muito baixa pela...
UMA VISITA ILUSTRE, UM DIA ESPECIAL
Ao ensejo do transcurso, nesta semana, do sexagésimo aniversário da morte do Presidente Getúlio Vargas, uma lembrança me vem à memória, de forma muito viva: a visita do referido Presidente a Nova Friburgo, no dia 30 de março de 1943.A finalidade de tal visita era a inauguração da sede da Legião Brasileira de Assistência em nossa cidade, na Rua General Câmara nº 160 (atual Augusto Spinelli ).Antes da solenidade, o Presidente esteve na Prefeitura Municipal (hoje, Oficina Escola de Artes), em nossa praça principal, falando ao povo, de uma de suas janelas. ( Para que eu o visse melhor, meu pai me tomou em seus braços, e me ergueu acima da pequena multidão. Depois, o Presidente seguiu a...
SUAVE É A NOITE
Tão perfeita como a mistura queijos e vinhos é a combinação música romântica e poesia. Da última, surgiu na Rádio Sociedade de Friburgo (chamada, carinhosamente, de “Rádio Cipó, sempre amiga”), um programa, na década de 1960, mais precisamente, nos anos 65, 66 e parte de 67. Ele ia ao ar todas as segundas-feiras, às vinte horas e trinta minutos, sendo constituído de poesias e de algumas músicas românticas.
Era o programa “SUAVE É A NOITE”. O seu título não era só devido ao conteúdo de sua programação, mas porque o seu prefixo era o grande sucesso da época, “Suave é a Noite”, melodia...
Dia 16 de agosto, consagrado ao glorioso São Roque!
De todos os bairros de Nova Friburgo, o de Olaria, foi sempre o meu preferido, desde a época, em que era um povoado conhecido por Olaria do Cônego.
Naquele tempo, o começo da sua estrada, era uma alameda de bambus (como a da entrada do Country Clube), e no lugar da Matriz de Nossa Senhora das Graças, uma olaria de tijolos, desativada e em ruínas.
Lá no alto, a singeleza da capela de São Roque, inaugurada, em 1º de março de 1940.Segundo o Prof. Adilson Donato Batista, o terreno, da referida capela, foi doação de sete lotes, feita pelo devoto Júlio Espanhol Vicente, em meados de 1930.Os católicos do bairro se mobilizaram para a construção, fazendo doações de material,...
UMA RUA, VÁRIOS NOMES, ALGUMAS HISTÓRIAS III
Chegando ao fim da Rua da Campesina, é o momento de retornar, pelo lado ímpar. Na esquina com a Av. Comte Bittencourt, nº 89, um terreno baldio, sem muro, coberto por uma vegetação rasteira. Uma lavadeira, que morava nas imediações, e mais algumas senhoras quaravam as suas peças de roupa, durante todo o dia, naquele local (numa época em que não existia sabão em pó). Ao serem recolhidas, à tardinha, não faltava peça alguma. Ao lado, um sobrado geminado, com duas moradias, de números 85 e 81.
No ano de 1942, houve uma confraternização de atiradores de todos os Tiros de Guerra do antigo Estado do Rio de Janeiro, e como a residência de nº85 estivesse vazia,...
UMA RUA, VÁRIOS NOMES, ALGUMAS HISTÓRIAS II
Há algum tempo - depois de decorridas várias décadas- ao caminhar pelas ruas da minha cidade, principalmente, pela Rua Fernando Bizzotto, eu retorno, no tempo (à década de 40), e vejo os prédios da atualidade, substituídos pelo casario antigo, com seus saudosos moradores. Assim, como num conto de fadas, estou na Rua da Campesina, esquina da Alberto Braune, no Bazar das Noivas (hoje, Beto Calçados), de propriedade do Sr. Domingos Miranda, conhecido por “Domingos República”, especializado em móveis de salas e quarto. A loja era muito ampla se estendendo pela Rua da Campesina (ainda não havia o edifício).Na parte térrea, da moradia da família Miranda, ficava a colchoaria (atual...
Dia 16 de agosto, consagrado ao glorioso São Roque!
Republicado em 13/08/2017
De todos os bairros de Nova Friburgo, o de Olaria, foi sempre o meu preferido, desde a época, em que era um povoado conhecido por Olaria do Cônego.
Naquele tempo, o começo da sua estrada, era uma alameda de bambus (como a da entrada do Country Clube), e no lugar da Matriz de Nossa Senhora das Graças, uma olaria de tijolos, desativada e em ruínas.
Lá no alto, a singeleza da capela de São Roque, inaugurada, em 1º de março de 1940.Segundo o Prof. Adilson Donato Batista, o terreno, da referida capela, foi doação de sete lotes, feita pelo devoto Júlio Espanhol Vicente, em meados de 1930.Os católicos do bairro se mobilizaram para a construção, fazendo...
UMA RUA, VÁRIOS NOMES, ALGUMAS HISTÓRIAS
Quem não sente afeto por sua terra natal e, especialmente, pela rua onde nasceu?
Eu não fujo à regra, amando Nova Friburgo e tendo um carinho especial pela Rua Fernando Bizzotto. A sua primeira denominação foi Rua Jacome, em homenagem ao proprietário que doou o terreno para a abertura da rua, por volta de 1858.
Diziam ser o Sr. Jacome da família Bizzotto, mas segundo o saudoso comerciante José Newton Bizzotto , baseado em pesquisa do historiador Carlos Jayme Jaccoub, o doador não pertencia à citada família, e o seu nome completo era Luis Jacome de Abreu e Souza. A confusão foi motivada por haver um Jacome, no clã dos Bizzotto. ...